DEZEMBRO CHEGOU: E O “COLÓQUIO DE CANTARES DE SALOMÃO” VOLTOU. 2012
COMEÇA
HOJE 1º DE DEZEMBRO, MAIS ALGUMAS REFLEXÕES PARA CASAIS SOBRE O LIVRO DE
CANTARES DE SALOMÃO: DESSA VEZ SERÁ POR NÚMEROS.
Dia
01/12. languidez! ( ... porque desfaleço de amor, Cantares de Salomão 2.5)
O QUE É LANGUIDEZ? Significado de Languidez
s.f. Estado de langor, moleza, prostração.
Sinônimos de
Languidez
Fonte:Dicionário Online Português.
Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs,
porque desfaleço de amor (Ct 2:5).
Ao ler este verso e ver como que a própria Sulamita
descreve seu estado diante do homem amado, essa frouxidão do corpo dela, essa
moleza e fraqueza, essa prostração da carne e do espírito num momento tão
sensual e voluptuoso, fez-me recordar de uma palavra muito usada pelos poetas
românticos do século XIX – languidez!
Languidez era sempre a palavra em voga para se
falar do estado de meiguice, doçura, ternura, suavidade e brandura da musa do
poeta, contudo, poderia significar também um estado de abatimento, de grande
fraqueza física e psicológica; sem forças, sem energia. Esta última definição
foi mais sugerida pelos poetas românticos exatamente por eles descreverem a
mulher amada como uma estátua, uma imagem apática sempre ligada à santidade, à
virgindade, à inatingibilidade da musa. Assim, o paradoxo da palavra revela o
charme da língua assim como denota o nosso problema com sexo.
“Lângüido” era assim, escrito assim, mas em tempos
de ditadura linguística em que a lei pesa sobre nós normas de conduta de uma
minoria “iluminada”, despencaram com o charmoso trema. Todavia, escreva-se como
se quiser, o fato é que, para quem é amante das palavras, “lângüido” encarna a
contradição da sociedade ocidental: uma mesma palavra que tanto denota o
sagrado como o profano! O que mostra que o problema do barroco e do rococó com
seus anjinhos com cara de safados manteve-se no Romantismo do século XIX, mas, ali,
não eram mais anjinhos e sim as musas virgens e sacras e pudicas que
despertavam a adoração sexual profana de seus devotos sedentos de um idealismo
sagrado.
Nos versos da Sulamita, entretanto, não há aquela
crise romântica. Não há aquele paradoxo barroco. Há o desejo sem vergonha
alguma! O Cântico, enquanto livro do Cânon Sagrado, não necessita de desculpa
alguma e de nenhum paliativo. É um poema que “expressa uma aceitação honesta da
maravilha que é o amor humano tanto nos seus aspectos físicos como psíquicos, e
reflete o milagre recorrente da primavera no coração como na natureza” (Hugh J.
Schonfield). O desejo da Sulamita tem nomes e carne, muita carne. É a boca, os
beijos, os cheiros, as cores, etc. Enfim, ela está totalmente embriagada pelo
amor, languida de paixão! E como toda paixão que se preza, há súplica: “Eu vos
suplico, fortalecei-me com passas, reavivai-me com maçãs que estou doente de
amor” (tradução alternativa)! Há uma mulher no poema que necessita ser
fortalecida, porque o amor a embriagou, o amor lhe retirou as forças e agora
ela precisa se recuperar antes que morra!
Mas o que, afinal, adoece a Sulamita? O desejo
amoroso! O amor que não se realiza, que não tange, que não se efetiva, adoece
os amantes – este tema perpassa toda literatura amatória. A imagem aqui é a do
náufrago que vê a praia, todavia, por mais que nade, não consegue atingi-la e
começa a perceber que talvez morra antes que consiga pisar em terra firme, a
terra firme da consumação do amor!
Mas, então, o jovem casal ainda não teria se
entregue sexualmente um ao outro? Esta pergunta já foi levantada antes durante
nossa extraordinária viagem pelos versos da Sulamita e estamos prestes a dar a
resposta, que já se adivinha na Sulamita que aqui desfalece de desejo...
“O Cântico se encerra como uma bela afirmação do
prazer de Deus no amor físico entre um homem e uma mulher. A relação deve ser
única e apreciada. A satisfação recíproca é o que procuram ao aderirem-se
mutuamente. A intimidade sexual é seu objetivo, prelibação de um tempo de
união, de alegria e de prazer e deve ser gozada com frequência e com a benção
de Deus” (Isidore Epstein). CANTARES DE SALOMÃO CP 5.
GRANDE ABRAÇO PARA TODOS! SUCESSOS!
Carinhosamente,
Cosme Ferreira.